Gestão de equipes em crescimento – Parte 1: O grande desafio

Se você está lendo este artigo, é muito provável que esteja familiarizado com o cenário de tecnologia e tenha acompanhado as demissões em massa das big techs no final de 2022. Embora não seja o objetivo entrar nos debates econômicos do setor, esse acontecimento em específico traz informações pertinentes sobre…

Se você está lendo este artigo, é muito provável que esteja familiarizado com o cenário de tecnologia e tenha acompanhado as demissões em massa das big techs no final de 2022. Embora não seja o objetivo entrar nos debates econômicos do setor, esse acontecimento em específico traz informações pertinentes sobre a dinâmica das equipes de startups.

Declarações feitas por líderes de gigantes da tecnologia, incluindo Zuckerberg, afirmaram que durante a pandemia o mundo se voltou para o online, impulsionando o comércio eletrônico e outras startups. Prevendo que essa seria uma aceleração permanente, o setor como um todo aumentou significativamente os investimentos. Infelizmente, essa expectativa não se concretizou, o comércio eletrônico voltou às tendências anteriores e as consequências foram arrasadoras. No entanto, é importante notar que, apesar dessa conjuntura específica não ter sido positiva, existem diversos outros movimentos especulativos, semelhantes a esse, que foram bem-sucedidos. Logo, essa dinâmica nos revela o primeiro fato sobre o nosso tema central.

Em startups, as equipes de desenvolvimento devem estar cientes de que os riscos e as oportunidades de mercado são igualmente acentuadas. Assim, é comum que o crescimento ou redução das equipes seja rapidamente impulsionadas por fatores externos ao setor, como investimentos e descobertas de mercado. Por isso, equipes bem estruturadas, com comunicação aberta e liderança eficiente, têm maiores probabilidades de obterem sucessos, pois o maior desafio é estruturar processos e canais que sejam otimizados para o time atual e que ao mesmo tempo estejam prontos para uma imediata escala sem comprometer a qualidade.

Caro leitor, acredito que a pergunta que provavelmente está em sua mente é: o crescimento das equipes é realmente uma variável tão relevante? Existem diferenças significativas na gestão e estrutura entre times de tamanhos diversos?

Bom, a Lei de Brooks explica bem isso. O criador da teoria afirma que adicionar novos membros à equipes de projetos complexos demandará um aumento na comunicação e organização entre os participantes. Essa comunicação adicional pode resultar em sobrecarga e diminuição de produtividade ao gerar dificuldades na coordenação. Embora mais pessoas possam trazer recursos adicionais, os custos podem superar os benefícios caso não sejam bem gerenciados, afinal, à medida que a equipe cresce, essa comunicação pode se tornar exponencialmente mais complexa, exigindo canais mais formais e uma liderança mais estruturada.


Vamos ver isso na prática?

Utilizando a fórmula N = n * (n-1) / 2, podemos calcular as possibilidades de comunicações individuais em uma equipe e observar o crescimento quase exponencial das interações.
Por exemplo, uma equipe de 5 membros possui 10 possibilidades diferentes de comunicações individuais. Já uma equipe com 10 pessoas possui 45 possibilidades. 15 membros são 105 possibilidades de comunicação, e assim por diante. Esse aumento rápido na quantidade de interações pode tornar necessário a criação de estruturas hierárquicas para centralização das informações e atribuições, gerando, consequentemente, o aumento de processos e intermediações.


Não é atoa que referências em práticas Ágeis, como o Mike Cohn, recomendam equipes enxutas de 5 a 9 membros, pois a quantidade de colaboradores tem um impacto profundo na gestão e na estrutura interna. Equipes menores geralmente desfrutam de uma comunicação mais direta e eficiente, facilitando a tomada de decisões e a agilidade nos processos.

Todavia, o crescimento é sempre o caminho almejado e quase iminente para trabalhos bem feitos!

Retornando assim, ao dilema central deste artigo: como estabelecer processos e canais que sejam otimizados para a equipe atual e, ao mesmo tempo, estejam preparados para a rápida expansão sem comprometer a qualidade?

Afinal, acreditamos que o equilíbrio entre crescimento e manutenção de uma estrutura coesa e produtiva é essencial para o sucesso contínuo da equipe de desenvolvimento em um cenário dinâmico de mercado.

Acompanhe a gente na parte 2 deste artigo, pois compartilharemos um pouco das nossas experiências e algumas de nossas sacadas para lidarmos com essa grande questão.
Até logo…

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